A Desinformação Evolucionista Imposta no Design Inteligente

Certo dia um simpatizante do Design Inteligente (DI), ao receber sua credencial de professor para lecionar em escolas públicas de ensino médio, ligou para um dos integrantes do DI para conversar sobre a resposta de seu professor, sobre um artigo que ele mesmo havia escrito apoiando o ensino do DI. Aparentemente, seu professor desaprovava o ensino do DI porque achava que o DI era uma ciência não testável. A crítica do professor foi mais ou menos assim:

Meu principal problema com o DI é que ele pretende não identificar o designer quando todos sabem que na verdade mesmo é Deus. O design inteligente, portanto, não deve ser ensinado porque é essencialmente ciência da criação reembalada. Portanto, é apenas um apelo não testável ao sobrenatural. No entanto, se eu tivesse que escolher, eu na verdade preferiria a ciência da criação ao DI, porque pelo menos os cientistas criacionistas são claros sobre quem eles acham que o designer é.

Essa visão costuma ser repetida também no seguinte formato, não tão sutil e nada convencional sobre o DI:

O DI é a noção de que um criador não especificado — que se parece muito com a noção cristã de Deus — é responsável pela criação e desenvolvimento de tudo, incluindo os seres humanos.

Sem criticar os muitos detalhes imprecisos dessa descrição, aqui novamente vemos a mesma crítica implícita ao DI: “Os proponentes do DI dizem que ele não identifica o designer, mas todo mundo sabe que o designer é “Deus”, e portanto não é ciência.

Essa crítica é no mínimo curiosa, porque outros artigos fazem críticas exatamente opostas contra o Design Inteligente: o DI não é ciência porque supostamente identifica o designer como uma divindade sobrenatural. Este mesmo ponto foi discutido pelo professor de bioengenharia da Universidade de Utah, Gregory Clark, perante o Conselho de Educação do Estado de Utah:

O design inteligente falha como ciência porque faz exatamente isso — postula que a vida é muito complexa para ter surgido de causas naturais e, em vez disso, requer a intervenção de um designer inteligente que está além da explicação natural. Invocar o sobrenatural pode explicar qualquer coisa e, portanto, não explica nada.

Esses erros de interpretação não são meras trivialidades. Na verdade, eles formam a base para o processo da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU na sigla em inglês) contra o ensino do Design Inteligente em Dover, Pensilvânia (Kitzmiller et al. V. Dover Area School District). Conforme as suas alegações:

O design inteligente é um argumento ou afirmação não científica, feita em oposição à teoria científica da evolução, de que um ator inteligente e sobrenatural interveio na história da vida...

Portanto, por um lado, o DI falha como ciência porque identifica o designer como sobrenatural. Por outro lado, o DI falha porque não identifica o designer. Ambas as posições vão em contra uma da outra. Mas o que o DI realmente diz? E ele pode superar essas críticas?

A Verdade Sobre a Teoria do Design Inteligente

Se o professor do meu amigo, ou Dr. Clark, tivesse se dado ao trabalho de ler — ou tivesse escolhido descrever com precisão — as propostas dos principais autores pró-DI, eles teriam notado que essa questão da identidade do designer está muito clara:

O design inteligente é modesto no que atribui à inteligência de design responsável pela complexidade especificada na natureza. Por exemplo, os teóricos do design reconhecem que a natureza, o caráter moral e os propósitos dessa inteligência estão além da competência da ciência e devem ser deixados para disciplinas como religião ou filosofia.

Embora o design inteligente se encaixe perfeitamente na crença em Deus, ele não o exige, porque a teoria científica não diz quem é o designer. Enquanto a maioria das pessoas — inclusive eu — pensará que o designer é Deus, algumas pessoas podem pensar que o designer era um alienígena do espaço ou algo estranho assim.

Michael Behe, Pittsburgh Post-Gazette, 02/08/01

O lugar do Design Inteligente na ciência tem sido preocupante por mais de um século. Isso porque, de modo geral, os cientistas de dentro da cultura ocidental não conseguiram distinguir entre a inteligência, que pode ser reconhecida pela experiência sensorial uniforme, e o sobrenatural, que não pode. Hoje reconhecemos que os apelos ao design inteligente podem ser considerados na ciência, como ilustrado pela pesquisa atual da NASA por inteligência extraterrestre (SETI). A arqueologia foi pioneira no desenvolvimento de métodos para distinguir os efeitos de causas naturais e inteligentes. Devemos reconhecer, no entanto, que se formos além e concluirmos que a inteligência responsável pelas origens biológicas está fora do universo (sobrenatural) ou dentro dele, faremos isso sem a ajuda da ciência.

Of Pandas and People, um livro-texto pró-ID, pág. 126-127

Ler essas citações dos principais teóricos do DI deixa completamente claro que a teoria do DI não identifica o designer e não pode nem mesmo ir muito longe na elaboração sobre a natureza do designer. A razão para isso também é clara: existem limitações empíricas naturais para aquilo que a ciência consegue estudar. Se não podemos estudar a identidade do designer, isso é irrelevante para o DI, é apenas uma realidade sobre o limites da ciência atual, que não possui as ferramentas apropriadas para tal investigação.

Então, por que tantos darwinistas criticam publicamente o DI como se ele tivesse a própria fraqueza (ou seja, defender um criador explicitamente sobrenatural) quando ele faz de tudo para evitar isso? A resposta é simples: descaracterizar o DI, como se fosse um apelo ao sobrenatural, e assim colocá-lo fora do escopo da ciência. Toda essa noção de que o DI identifica o designer como “sobrenatural” é completamente falsa.

A Desinformação Evolucionista é como um Trem

O processo de desinformação que faz com que muitas pessoas passem a achar que o design inteligente é um apelo ao sobrenatural tem 3 partes:

Críticos darwinistas tipo I: tudo começa com aqueles críticos darwinistas que entendem corretamente o DI e percebem que ele respeita os limites da ciência e não procura identificar o designer. No entanto, esses críticos do Tipo I passam assim a propositalmente deturpar o DI para o público (e em particular para os cientistas) como se fossem afirmações não testáveis e não científicas sobre o “sobrenatural”. Isso acontece apesar de os proponentes do DI entenderem bem a natureza da investigação científica e formularem uma teoria para respeitar os devidos limites. As táticas duvidosas dos críticos do Tipo I são eficazes porque ela acaba fazendo muitas pessoas acharem que o DI não pode ser ciência porque faz afirmações sobre o sobrenatural, ou seja, estaria de fora do escopo daquilo que pode ser estudado usando o método científico.

Críticos darwinistas tipo II: representados pelas pessoas criadas pelas atividades dos críticos tipo I. Os críticos do Tipo II interpretam mal o DI porque foram informados pelos críticos do Tipo I que o DI faça afirmações não testáveis, por exemplo, sobre o sobrenatural. Isso os leva a pensar que o DI faz afirmações exclusivamente religiosas, não sendo científico, não tendo base empírica e não sendo apropriado para o laboratório ou para a sala de aula. Os críticos do tipo II não são necessariamente culpados por seus equívocos, porque foram enganados. No entanto, caberia a eles buscar as obras dos cientistas do DI antes de falar sobre isso publicamente. Se assim fizessem, eles perceberiam seus mal-entendidos.

O público: representado pelas pessoas que estão tentando comprender mais sobre o DI. Alguns deles podem ter lido livros ou alguma outra literatura dos proponentes do DI e conhecem a verdade. Mas, em sua maior parte, o público é enganado pelos críticos do Tipo I e Tipo II, que permanecem dizendo que o DI é um apelo não científico ao sobrenatural e não deve ser estudado em laboratórios ou ensinado em aulas de ciências.

Embora os críticos do Tipo II sejam mais honestos e genuínos do que os do Tipo I, ambos têm um objetivo comum: certificar-se de que o DI seja interpretado de modo que o designer seja visto sempre como uma divindade sobrenatural. Assim, será muito fácil argumentar posteriormente que o DI não é ciência.

Isso pode ser representado num “trem de desinformação darwinista”:

Figura 1: o trem de desinformação darwinista

Alguns críticos darwinistas querem levar o trem do DI do Ponto A (vida real) ao Ponto B (ficção). O ponto A representa a natureza real da teoria do design inteligente, onde o DI respeita os limites da investigação científica e não pode identificar o designer. No ponto A, o DI confia no método científico e não faz apelos a Deus com base na fé. Aqui, há ciência pura.

O ponto B representa onde os darwinistas gostariam de levar a teoria do DI: onde ela é um apelo explícito ao sobrenatural e, portanto, não respeita as limitações inerentes ao método científico. No ponto B, o DI teria um componente claramente religioso, pois identifica o designer como Deus. Isso o tornaria anticientífico. Em essência o ponto B é ficção, porque o DI respeita a ciência e é bastante claro que a teoria não pode identificar o designer e evita tais afirmações religiosas.

Os críticos do Tipo I fornecem impulso para o trem ao desinformar os outros cientistas sobre a Teoria do Design Inteligente. Tendo gerado muitos críticos genuinamente crentes (mas, em última análise, errados) do Tipo II, os críticos do Tipo I e do Tipo II vão ao público para convence-los de que o DI não deve ser ensinado porque é um apelo ao sobrenatural, e portanto não científico.

Outra maneira pela qual isso pode ser diagramado é a teoria do trickle-down da desinformação darwinista:

Figura 2: Esquema da Pirâmide de Desinformação

Esta é outra maneira de representar a desinformação sobre a Teoria do Design Inteligente: O Esquema da Pirâmide de Desinformação, que faz uso da “Teoria Trickle Down” da desinformação. De acordo com seu modelo, os críticos do Tipo I no topo informam propositalmente mal os cientistas e outros sobre a natureza do DI. Os críticos do tipo I e seus seguidores, os críticos do tipo II, confiando em uma falsa versão do Design Inteligente (alguns percebendo a falsidade, outros não), saem e dizem ao público que o DI supostamente não é ciência e não deve ser ensinado nas escolas, porque eles afirmam erroneamente que é um apelo ao sobrenatural. No final das contas, o público é o verdadeiro derrotado porque ele perde o entendimento e fica completamente desinformado com relatos que não mostram as declarações de ambos os lados, perdendo assim a oportunidade de conhecer a Teoria do Design Inteligente.

Sendo Intelectualmente Honesto

Mas existem muitos darwinistas honestos por aí, como o professor mencionado no início deste artigo, que reconhece que o DI não identifica o designer. No entanto, esse professor ainda não entendeu o DI, já que ele transformou uma força do DI em uma crítica, dizendo que não importa o que a teoria do DI diz, porque sabemos que o designer deve ser Deus, portanto o DI não é ciência. Este argumento não faz sentido: se o DI não identifica o designer, então como alguém pode alegar que o DI afirma que o designer é Deus? Tais conclusões requerem uma interpretação errônea da teoria, que provavelmente se originou dos críticos que confundem as possíveis crenças religiosas de alguns proponentes do DI com as conclusões da teoria em si mesma.

Por exemplo, William Dembski, que na citação acima deixa extremamente claro que a teoria do DI não consegue identificar o designer, também está claro em outro lugar que ele acredita que o designer é de fato Deus. Na verdade, quando Dembski fala sobre a identidade do designer, ele é frequentemente citado erroneamente por repórteres e darwinistas que tentam torcer as palavras de Dembski para dizerem que é o DI que afirma que o designer é Deus. Isso é lamentável porque Dembski deixa claro que ele não deriva suas crenças sobre a identidade do designer a partir do DI. Em vez disso, quando ele identifica o designer, ele o faz não a partir do DI, mas sim a partir de sua própria fé religiosa.

Os darwinistas que acham que podem interpretar mal o DI como se ele identificasse o designer como Deus só porque apontam as crenças de alguns proponentes do DI, estão usando um argumento malicioso. Para ser preciso e verdadeiro, é preciso absorver o modo como o DI foi formulado por seus proponentes. E dadas as citações acima, há poucas dúvidas de como a teoria realmente funciona: ela não consegue identificar o designer. Se esses críticos estivessem certos e o DI exigisse que o designer seja Deus, então o que iriam dizer sobre os simpatizantes do DI que não são religiosos?

A moral desta história é que você não pode ir do ponto A ao ponto B da Figura 1 acima caminhando em direções opostas. Os darwinistas não podem criticar o DI por um lado porque identifica o designer como sobrenatural, e por outro lado, porque não o faz, e então ambos afirmarem que o DI não seja ciência. Para os interessados, a verdade é que a teoria do DI não identifica o designer, nem mesmo foca no estudo do designer. Embora seja permitido que os proponentes do DI tenham crenças sobre algum tipo de designer, essas crenças não são deduzidas nem são premissas do DI.

É claro que, no final, para todos, os críticos de Tipo I que andam por aí, realmente não se importam com o que está escrito, ou se é mostrada alguma documentação clara sobre como o DI lida com a identidade do designer. Mas para aqueles que estão interessados ​​em levar o DI a sério, espero que eles sigam pelo caminho correto, se desviando desse trem de desinformação, desejando que ele fique preso na estação da vida real.

Texto traduzido e adaptado de Evolution News.

Referências:

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